
-
Arquitetos: Cave Urban
- Área: 84 m²
- Ano: 2025
-
Fotografias:Bas Princen
-
Fabricantes: Rothoblaas, Bamboo Pure, Bhoomi, Indobamboo, Kaltimber, Unknown (Removed), Unknown (Removed)

O Pavilhão BaleBio reinterpretou o Bale Banjar, o salão de reuniões aberto que ancora cada vila balinesa. Elevado acima do solo e aberto ao céu, o Bale Banjar tem sido há muito tempo um espaço para cerimônias, música e discussões comunitárias. Na Praia de Mertasari, em Sanur, a Cave Urban traduziu essa forma familiar em um pavilhão leve construído a partir de bambu e materiais reciclados, fundindo tipologia local com princípios de design regenerativo. "Estamos realmente interessados no Bale Banjar," diz Jed Long, Diretor da Cave Urban. "É um espaço que todos em Bali reconhecem, uma estrutura que conecta pessoas e comunidades."


Design e Arquitetura – Parte do Projeto ReBuilt da Bauhaus Earth, o pavilhão participa de uma investigação mais ampla sobre "caminhos de transformação em direção a um ambiente construído regenerativo" em Berlim, Butão, África do Sul e Bali. "O projeto ReBuilt está pensando sobre como o ambiente construído pode transitar para um futuro regenerativo. E por regenerativo, o que quero dizer é que quando construímos, fazemos o bem em vez de causar danos."


Como parte do Projeto ReBuilt, a Cave Urban se envolveu com o trabalho da Bauhaus Earth, Bamboo Village Trust e Kota Kita, que estavam mapeando o contexto urbano de Bali e identificando inovações em torno de materiais de construção de origem biológica. Baseando-se nesses resultados, a equipe explorou maneiras de conectar experimentos artesanais locais com abordagens para construção urbana. "Uma das grandes coisas que descobrimos foi que há muita inovação existente em torno de materiais de construção de origem biológica na indústria do turismo… mas essa inovação não se traduz necessariamente na construção urbana."

Três abóbadas curvas de bambu laminado, cada uma com quatro metros de vão, elevam-se até 8,5 metros sobre uma base construída com pedras de templos reaproveitadas. O espaço aberto e elevado preserva a amplitude característica do tradicional Bale Banjar, enquanto o sistema pré-fabricado e fixado por parafusos assegura uma montagem ágil e uma estabilidade duradoura em clima tropical. O perfil arqueado da cobertura remete à forma do Lumbung, o celeiro de arroz, em um gesto que evoca tanto a arquitetura agrária quanto as tradições de construção naval costeira, fundindo referências vernaculares interiores e marítimas em uma estrutura contínua e fluida.


Linguagem Material – O BaleBio utiliza somente materiais obtidos e refeitos dentro da Indonésia.
- Laminado de Bambu (Dendrocalamus asper): cultivado por agricultores familiares em Flores e processado pela Indo Bamboo, em Bali.
- Pedra Paras: sobras de oficinas de entalhe de templos, reaproveitadas nos muros de gabião que formam a base da estrutura.
- Plupuh (Bambu Achatado): painéis feitos à mão a partir de lâminas rachadas de bambu, parte da longa tradição artesanal de Bali, utilizados na cobertura.
- Madeira Reaproveitada (Ulin): madeira densa recuperada de casas e pontes desativadas em Kalimantan, empregada nos acabamentos da base.
- Telhas de Barro e Reboco de Cal: acabamentos reciclados que ajudam a resfriar e conferir sensação térmica estável ao interior.
- Chapa de Plástico Reciclado: polímeros pós-consumo prensados em painéis duráveis usados para sinalização e inscrições.

Juntos, esses componentes formam um sistema de materiais circular que combina o artesanato vernáculo com a precisão engenheirada. “Toda a seção de base foi construída com materiais locais… utilizamos pedras que eram subprodutos de fabricantes locais de templos… e as empregamos na criação de muros de gabião para elevar a fundação do edifício acima do solo.”


Fabricação e Comunidade – O pavilhão tornou-se possível graças à colaboração entre a Cave Urban, a Bauhaus Earth, o Bamboo Village Trust, o Atelier One, a Eco Mantra, a Kota Kita, a Indobamboo e estudantes da Universidade de Warmadewa, junto a artesãos locais. Os elementos pré-fabricados foram transportados até o local e montados por meio de conexões parafusadas, demonstrando um modelo de construção rápida e de baixo impacto. “Foi realmente incrível ver o pavilhão sendo erguido em um período tão curto, utilizando metodologias construtivas muito mais próximas às da madeira engenheirada.”

Antes do início da obra, a equipe consultou arquitetos locais para garantir que o projeto incorporasse três princípios fundamentais: utilizar materiais naturais, evitar impactos ambientais e beneficiar a comunidade. O local foi abençoado pelos rituais Meruak tanto na inauguração quanto na conclusão dos trabalhos. A própria construção transformou-se em um campo de treinamento, onde os trabalhadores aprenderam a montar estruturas de bambu laminado, ampliando o domínio de novos materiais dentro das tradições artesanais locais.

Impacto – O BaleBio atua como protótipo e catalisador, oferecendo uma demonstração de carbono negativo que a construção regenerativa pode representar na Indonésia. Uma Avaliação do Ciclo de Vida realizada pela Eco Mantra revelou que o pavilhão "reduziu em 110% a pegada de carbono da Fase A em comparação com métodos construtivos convencionais". A estrutura evita mais de 53 toneladas de emissões de CO2 — o equivalente ao plantio de mais de 2.400 árvores — e continua absorvendo carbono ativamente por meio de seus materiais de base biológica. "O volume resultante não apenas apresenta carbono negativo, mas também possui rastreabilidade completa ligada a um conjunto de iniciativas sociais e ambientais ao longo de toda a cadeia de valor".

Projetado para a desmontagem, o pavilhão pode ser completamente retirado e reaproveitado, estendendo sua lógica circular por todo o ciclo de vida. “O pavilhão foi um grande sucesso porque não apenas serviu como vitrine de como podemos implementar práticas de construção regenerativa aqui em Bali, mas também atuou como um catalisador e uma demonstração prática de viabilidade.” Desde sua conclusão, o BaleBio tem recebido reuniões comunitárias, oficinas e palestras de diversos stakeholders, funcionando como um pavilhão vivo para o diálogo sobre a transição de Bali rumo ao design regenerativo.
























